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Não Lute Sozinho

A maioria das lutas que enfrentamos são o resultado de uma profunda incompreensão da natureza real de Deus e do que ele está pronto a fazer e é capaz de fazer em nossa vida.

Para a maioria de nós, as lutas são a matéria-prima da vida. Quais são as suas? Eu tenho as minhas. Poucos sentem-se, coerentemente, bem acerca de si mesmos; todos nós passamos por épocas de insegurança e dúvida, épocas em que temos falta de auto estima. A ansiedade é conhecida de todos. Temores e frustrações caçam-nos como cães famintos. Todos nós já tivemos períodos de desânimo, de desapontamento e sentimentos de depressão. Todos nós temos lembranças tristes que assombram e sonhos não realizados que magoam.

Quem ainda não sentiu a solidão que pouco tem que ver com a ausência de pessoas? Precisamos de amor, mas persistimos em fazer coisas não amáveis. Relacionamentos desfeitos, incompreensões e comunicação distorcida perturbam a todos nós. A preocupação bate à porta de todo coração e é acolhida como um hóspede indesejado para o que parece uma visita interminável.

Além disso, nem todas as nossas lutas são internas. Passamos por situações difíceis no trabalho ou na sociedade. O progresso é lento; o conflito parece inevitável. Todos têm sua parcela de gente insuportável. Ouvimos as notícias na televisão ou lemos os jornais diários, e nossos nervos irritam com o que está acontecendo na selva do asfalto ao nosso redor. Que poderíamos fazer a respeito dessas coisas se tão somente tentássemos? Um sentimento de fraqueza nos domina. Torcemos as mãos em frustração impotente.

Tudo porque aceitamos um deus insignificante que nós mesmos fabricamos. Precisamos de um novo Deus para as nossas velhas lutas, quer dizer, necessitamos redescobrir o Deus verdadeiro que sabe, que se importa e intervém e age, que está presente e é poderoso, que faz as coisas acontecerem!


Essa descoberta e conhecimento sobre Deus levaram Moisés de volta ao Egito após quarenta anos, sabendo que todas as coisas eram possíveis porque "Eu sou", Yahweh, era com ele. Em meio ao conflito com Faraó e com a relutância temerosa dos hebreus, Deus veio novamente a Moisés para certificar-se de que ele e seu povo compreendiam quem era a fonte de sua esperança. E Deus [Elohim] disse a Moisés: "Eu sou o Senhor [Yahweh]. Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó, como o Deus Todo-poderoso [El Shadai); mas pelo meu nome o Senhor, não lhes fui conhecido... Portanto dize aos filhos de Israel: Eu sou o Senhor, e vos tirarei de debaixo das cargas do Egito, vos livrarei da sua servidão" (Êxodo 6:2-3, 6).

Um novo Deus, deveras! Ele já não era o simples El Shadai, o Deus Todo-poderoso das montanhas, mas Yahweh, o Senhor, o "Eu sou" que faria as coisas acontecerem no vale das lutas humanas. O Senhor fez exatamente o que prometeu. Libertou da servidão o povo sofredor. Foi um Deus de atividade e libertação.

O mesmo Deus está vivo e ativo hoje. Não fomos feitos para lutar sozinhos. A promessa dada a Moisés também é nossa: Estarei com você e farei coisas acontecerem. A maior parte de nossas lutas vem porque forçamos a nós mesmos a um canto de impossibilidade. Não podemos imaginar que as coisas hão de mudar. Nossos esforços parecem fúteis. Então Deus chega e diz: "Volte ao problema, ao seu Egito, e ficará espantado com o que farei".

Podemos falar com o Deus que faz as coisas acontecerem, dizer-lhe como nos sentimos, falar-lhe de nossa angústia e frustração, e sentir a presença de poder ilimitado para nossas necessidades.

Pouco adianta saber que Deus pode fazer coisas acontecerem enquanto não o conhecermos pessoalmente. Através dos anos da história o povo hebreu conheceu a Yahweh e, contudo, não confiou nele nem o amou de todo o coração. Ainda lutaram com o fracasso, temor e frustração. O nome de Yahweh tornou-se tão sagrado e aterrador que era considerado pecado proferi-lo em voz alta.

É por isso que Yahweh teve de entrar na história e habitar em nós. Jesus Cristo, o Emanuel, "Deus conosco". A força para as lutas da vida vem de um relacionamento de amor com Aquele que nos confirma e nos aceita, e que nos capacita a confiar todos os nossos assuntos a ele. Deus veio na carne em seu próprio Filho para que pudéssemos conhecê-lo intimamente: "E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai ... Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Ninguém jamais viu a Deus: o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou" (João 1:14, 17-18).

Percebe o leitor o que isto significa para nós em nossas lutas? Jesus Cristo não é outro senão o próprio Yahweh, o Verbo criador de Deus. Ele é a glória de Deus, em toda a sua excelência e majestade, no tempo e no espaço. Ele é a graça, favor imerecido do próprio Deus. Ele é a verdade acerca do ser essencial de Deus que podemos contemplar e conhecer. Jesus Cristo é Deus conosco em todas as nossas lutas.

Mas ouça o próprio Cristo, enquanto fala acerca de quem ele é e do que veio fazer. Vinte e duas vezes no Evangelho de João, Jesus assume a autoridade divina sobre nosso pecado, doença e tristeza. A auto revelação audaz é "Eu sou!" As palavras gregas são as mesmas no grego (Egõ eimi) como no hebraico ( Yahweh). O Deus que faz coisas acontecerem é nosso Senhor Jesus Cristo! Ele veio confrontar a raiz principal da fonte de nossas lutas e ser vencedor. Cada um dos "Eu sou" de Jesus é a resposta a uma das nossas necessidades dolorosas. As mesmas palavras ditas por Deus a Moisés são usadas por Jesus na declaração de quem ele é e do que pode fazer. Ele é o Senhor preexistente; ele vem a você e a mim a fim de salvar-nos dos nossos pecados e libertar-nos dos nossos fardos para que possamos viver a vida abundante.

Um Deus presente para nossas lutas.

É isso o que todos nós precisamos saber em nossas lutas. A fim de perseverar não precisamos de conselhos, admoestações ou reprimendas que produzem culpa. Necessitamos do poder de uma fonte totalmente confiável. Mais do que tudo, porém, precisamos saber que o Deus que viveu entre nós como o Senhor, o "Eu sou", que revelou a vida como devia ser vivida, que derrotou os demônios do desespero que nos exaure, e que venceu a morte e todo o seu poder - está vivo! Neste mesmo instante. Com você e comigo no momento presente.

Quando ele é nosso Senhor, permitimos que ele entre em nossos temores e diga: "Eu sou. Não temais"; que entre em nossas trevas, cegueira, e necessidade de orientação e afirme: "Eu sou a luz do mundo"; que entre em nossos corações famintos com a segurança de ser "o pão da vida"; e que entre em nossas pressões com poder regularizador. Ele pode entrar em nossos padrões autodestrutivos com auto estima divinamente inspirada; em nossas ansiedades com o conforto de ser o bom pastor; em nosso anseio de viver com a segurança de ter vindo para que tenhamos vida, e a tenhamos em toda a plenitude; em nossas preocupações, com a promessa de jamais nos deixar nem nos abandonar. Ele é o Cristo que entra em nossas incertezas e afirma: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida"; em nossa impaciência e oferece:

"Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim"; em nossa angústia por causa da morte e nos liberta pela esperança libertadora: "Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim ainda que esteja morto, viverá, e todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá"; em nossa impotência com um poder sustentador: "Eu sou a videira verdadeira. . . Permanecei em mim, e eu em vós"; e em nossa solidão com uma amizade eterna: "Eis que estou convosco sempre."

As afirmações "Eu sou" de Cristo e suas promessas estão inseparavelmente unidas. O que ele prometeu que pode fazer é baseado em quem ele é.

A questão sempre é: permitiremos que Cristo, Egõ eimi, o "Eu sou" que pode fazer as coisas acontecerem, seja o Senhor de nossas lutas?


Esta mensagem é uma compilação dos parágrafos do livro "A sarça ainda Arde", capítulo primeiro, de Lloyd John Ogilvie - Editora Vida, 1986, Adaptação de espaço: Gerson Luiz

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