Segue um excelente estudo / comentário publicado no blog de António Batalha (Portugal), http://peregrinoeservoantoniobatalha.blogspot.com.br/2013/02/educacao-dos-filhos.html#more e reproduzido aqui com a devida liberação e autorização: A EDUCAÇÃO DOS FILHOS
Introdução:
Nos dias que correm achei por bem falar acerca de educação, é certo porém que são muitos pais que precisam de educação, mas espero que possa ajudar, os pais numa melhor educação, não é que seja mestre nisto, mas também meus dias vividos e a experiência passada trazem-me sabedoria e fico à vontade para falar do assunto.
Pais demissionários, filhos caprichosos.
Porque diz que educar os filhos é, hoje, uma urgência?
Porque diz que educar os filhos é, hoje, uma urgência?
Os pais aparecem cada vez mais nos consultórios, a pedir ajuda para lidar com o comportamento dos seus filhos.
Desde o atraso na aquisição da linguagem, às perturbações do sono, da agitação constante à desobediência a ordem simples.
E são situações que não param de aumentar, nas últimas décadas.
A maior prova disto é a multiplicação considerável de educadores de toda a espécie: psicólogos, psicanalistas, mas também terapeutas da fala, psico-motricionistas...
Defende que não há crianças problemáticas, apenas mal educadas.
É uma maneira de dizer que a criança é, de facto, inocente no problema que lhe é apontado.
Se reage de determinada forma, isso é apenas uma consequência da maneira como nos comportamos com ela.
E, muitas vezes, a mensagem que a criança aprende é que tudo lhe é permitido.
Se os pais não mudarem de comportamento, como é que ela o pode fazer? Como é que ela se vai privar de um prazer que lhe é oferecido pelo laxismo parental?
Se os pais não mudarem de comportamento, como é que ela o pode fazer? Como é que ela se vai privar de um prazer que lhe é oferecido pelo laxismo parental?
Quer dizer, então, que as crianças não mudaram muito. O que mudou foram as respostas que os pais lhe dão...
Desde sempre e em todas as civilizações, era o filho que fazia tudo para agradar aos pais e ganhar-lhes respeito. Mas, desde que passou a ter atenção em demasia, a criança deduziu que estava numa posição em que não precisava de dominar os seus impulsos.
E com a demissão dos pais, ela multiplica os seus caprichos.
E com a demissão dos pais, ela multiplica os seus caprichos.
É por isso que os mais novos não se mostram dispostos a se esforçar para os seus
objetivos?
objetivos?
Isso é flagrante, sobretudo, nas escolas.
Hoje, muitas instituições comportam-se como se não tivessem alunos, mas clientes.
E uma criança que consegue tudo sem precisar de pedir, vai continuar à espera de receber o que precisar, sem qualquer esforço.
E uma criança que consegue tudo sem precisar de pedir, vai continuar à espera de receber o que precisar, sem qualquer esforço.
Aliás, acabam por fazer uma série de exigências aos pais: ter televisão no quarto, computador, telemóvel...
Porque é que os pais tem tanta dificuldade em dizer não?
A questão é complexa. Prende-se com o facto de terem adotado uma atitude completamente diferente da que tinham para com eles, quando eram crianças.
A sua sensibilidade aos direitos que ganharam com a democracia fizeram-nos rejeitar o modelo baseado na autoridade e acreditar que a criança precisa apenas de amor para crescer.
Chegam a pensar que dizer "não" é um resquício do autoritarismo que antes condenaram.
Só que, com isso, deixaram o seu filho entregue à tiraria das suas pulsões, sem saber como combatê-las.
Só que, com isso, deixaram o seu filho entregue à tiraria das suas pulsões, sem saber como combatê-las.
Fará o seu caminho com condutas cada vez mais provocatórias. E, afinal, dizer "não", sem ter de explicar tudo e mais alguma coisa.
Parece que os pais andam a seduzir os filhos, em vez de os educar...
É verdade. E é isso que quero denunciar.
Quando uma pessoa se torna pai, pensa, automaticamente, na educação que recebeu e no que considerou um erro.
Muitas vezes, não quer que, um dia, o filho lhe mostre ressentimento por atitudes que tomou.
Então, decide que fará tudo para que o filho goste dele e inicia uma estratégia de sedução.Não sabe que, faça ele o que fizer, o seu filho está praticamente condenado a amá-lo, porque só assim constrói a sua identidade e pode tornar-se autónomo.
E o mundo fica cheio de tiranos -é isso?
E o mundo fica cheio de tiranos -é isso?
Sim, se tivermos em conta todas as selvajarias atribuídas aos mais novos e de que nos dão conta os jornais.
Sim, a julgar pelo número de pais que aparecem nas consultas por motivo que se prendem apenas com questões de educação.
Sim, também, porque 53% das decisões de compra na família- e estes são apenas os números franceses, apontados pelos publicitários - são influenciadas pelas crianças.
E sim, ainda, pela epidemia de crianças alegadamente hiperativas que são tratadas com antidepressivos, sem uma verdadeira solução para o seu problema.
Afastando qualquer regresso aos castigos corporais, defende que os pais devem punir os filhos. O que ganham uns e outros com isso?
O castigo é um meio pelo qual a criança aprende a reprimir os seus impulsos e permite-lhe comparar a falta de prazer resultante de fazer algum que não está certo com o prazer que decorre de fazer algum bem.
É um indicador do limite até ao qual pode ir.
Para os pais, é o regresso mais simples para cumprirem o dever de educar.
Não se deve pensar que a punição será responsável pela perda do amor de um filho.
Por curioso que possa parecer, a maioria das vezes é com esse castigo que as crianças estão a contar.
Não se deve pensar que a punição será responsável pela perda do amor de um filho.
Por curioso que possa parecer, a maioria das vezes é com esse castigo que as crianças estão a contar.
Há quem diga que a crise na Educação é uma consequência da perda de autoridade dos pais. Também pensa assim?
É bem visto.
A crise da autoridade dos pais está também ligada ao desaparecimento do papel que o progenitor tinha na família.
Antes, não havia espaço para acriança se tornar no centro da vida dos adultos que lhe estavam mais próximos.
Os filhos, entretanto, ganharam esse lugar - e isso explica, em grande parte, as dificuldades que as escolas hoje enfrentam.
Para ajudar a resolver os problemas, o que proponho aos pais é uma receita simples: substituir o slogan "a criança primeiro" por "o casal primeiro". E a vida ficará muito mais fácil.
Nota: este artigo é de autoria do Dtr. pediatra Aldo Naouri publicado originalmente no blog PEREGRINO E SERVO, de António Batalha - Portugal.
Comentários
Abraço.
António.