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JESUS E PEDRO – JESUS E NÓS


Texto Base: João 21:1-19.
Versículo Chave: “Pela terceira vez, ele perguntou: "Simão, filho de João, você me ama?". Pedro ficou triste porque Jesus fez a pergunta pela terceira vez e disse: "O Senhor sabe todas as coisas. Sabe que eu o amo". Jesus disse: "Então alimente minhas ovelhas”. João 21:17

            A juventude é pujante. Força... Vigor... Disposição. É um tempo importante pois as decisões nesta fase definem muito dos rumos da vida. Dedicar a sua vida a Jesus é um grande desafio em qualquer tempo mas é, especialmente, nessa fase da vida, ainda mais nestes tempos pós-modernos. Todavia, não foi diferente para José, Davi, Daniel e para quase todos os discípulos de Jesus, que possivelmente tinham menos de 20 anos quando ouviram o SIGAM-ME. Avaliar todo o custo do discipulado exigido por Jesus, considerando a idade dos discípulos, faz-nos rever os conceitos de pressão, resiliência, e capacidade de ensino-aprendizagem. Nós podemos suportar mais do que achamos.

            Contudo, ao chamar os 12, ou os 70, ou todos os que ouviram o "SIGA-ME", Jesus não os chamou porque estavam prontos mas porque iria treiná-los, por isso foi ao encontro deles no ponto onde estavam em seu momento de vida e sabia para onde devia levá-los. A distância entre esses dois pontos era a dinâmica do ministério de Jesus. E também é um excelente conselho para orientar líderes na visão de como edificar os membros da igreja do Senhor Jesus. Jesus como homem era um mestre por excelência e diversificou sua metodologia de ensino: Compartilhava os ensinos gerais para todos. Tinha também ensinos para grupos específicos e para indivíduos. Comunicava de acordo com o público: tinha um jeito para os fariseus, para os gentios, para a multidão necessitada, e outro para seus discípulos. Não tinha dificuldade em elogiar e nem em corrigir ou mesmo confrontar ou orientar atitudes e posicionamentos. Jesus sabia que seu ministério se daria em um período de tempo por isso aproveitou cada momento. Sabia que nem todos responderiam da mesma maneira ou processariam os conceitos do reino nos mesmos momentos. Afinal cada um tem sua bagagem e história de vida a serem tratadas e suas próprias defesas e fortalezas a serem vencidas.

            Quem está no ministério de capacitação deve saber disso: Decepção e empolgação com os discípulos serão inevitáveis, por isso, o discipulador precisará ter firmeza, coragem e resiliência para não desistir daqueles que lhe foram confiados e discernir quando deixar que sigam seus rumos aqueles que em dado momento ainda não estão prontos para a caminhada de fé. Há uma fina linha entre não deixar sua responsabilidade com o discípulo e o de investir mau o seu tempo com quem não quer caminhar. No entanto a decisão de ficar no processo é do discípulo.

            Um grande erro que líderes cometem é o de colocar muita expectativa em discípulos novatos na fé ou naqueles que camuflam sua vida sem fruto através dos anos, colocando-os em lideranças ou posições de destaque antes de terem sido provados. Além do perigo deles não aprofundarem sua fé e nem deixarem suas vidas serem corretamente tratadas, ainda podem contaminar outros ou tornarem-se orgulhosos e intratáveis e da grande decepção que causam aos líderes e à igreja. Mesmo assim Jesus usa todas as coisas boas ou não para o bem daqueles que o amam. Os fracassos que nos nocauteiam ao chão e fazem nossos rostos corar de vergonha podem ser mais didáticos até mesmo que os nossos acertos e sucessos. Isso não é uma defesa e nem justificação ao erro ou a falhas de caráter.

            Durante seu tempo com Jesus os discípulos O reconheceram como a própria encarnação das boas novas do Reino. Ele é o próprio evangelho. Em Jesus, vemos um Deus presente e atuante, e conhecedor interessado pelos dilemas e estruturas que moldam uma pessoa.

            Quando Pedro foi confrontado por Jesus no mar da Galileia no Capítulo 21, foi o momento crucial da jornada de fé deste Apóstolo. Por muitas situações Jesus foi trabalhando na vida de Pedro desde o início de seu Chamado em Lucas 5 na pesca maravilhosa, no despertar da Fé obediente, e continuou nas precipitações de Pedro em suas declarações surpreendentes até nas confrontações e reconhecimentos que Jesus fez sobre ele. Tu és o Cristo, Filho do Deus Vivo, disse Pedro uma vez. Para quem iremos nós se só tu tens as palavras de vida eterna, disse ele em outro momento. O aviso de que ele trairia Jesus e de que Satanás apostava que ele naufragaria na fé foi refutado por ele veementemente, mas Jesus conhecia seu coração. Tudo isso culminou com Pedro indo chorar amargamente após trocar olhares com Jesus quando ele negou-o, como o mestre dissera que ele faria. Foi ali que “o galo cantou e a casa caiu". Depois ele ficou APAVORADO quando Maria Madalena anunciou aos 11 que Jesus havia ressuscitado e queria falar com "seus irmãos” na Galileia. Jesus disse a Madalena diga isto aos discípulos e a Pedro. Ficou claro neste episódio que Jesus queria um "particular” com Pedro. Um pavor pela confrontação ou de ter que encarar as pessoas a quem decepcionaram faz com que muitos fujam e esperem até as coisas se acalmarem. Pedro disse vou pescar, será que foi dessa situação que se surgiu a expressão está estressado vá pescar? Fato é que havia um ar de “dejavu” presente naquela pescaria. Uma noite toda sem pescar um lambari sequer, gerou uma frustração naquele barco intensificada pelas densas trevas da madrugada, quando de repente eles veem uma fogueira na praia e uma voz sobressai no silêncio da noite vinda da silhueta de um homem que dizia "Filhos, por acaso vocês têm peixe para comer” ao que responderam secamente: “NÃO” (vs. 5). Eles nada tinham a oferecer.

            Nesse instante, os raios de sol começavam a romper as trevas trazendo uma reconfortante luz e a voz do homem na praia, que soava cada vez mais familiar em sua firmeza, timbre e poder, disse-lhes "Lancem a rede para o lado direito do barco e pegarão” (vs.6). E a rede se encheu de 153 grandes peixes. João então o reconheceu: “É O SENHOR”, disse ele. Ao chegarem na praia VIRAM ALI BRASAS (Vs. 9). Essas Brasas me lembraram da sequência de mensagens de Isaías 6 que o presbítero Eduardo trouxe à igreja dias atrás. Um encontro com a glória de Deus fez Isaías sentir antes de tudo o quanto era indigno: seu problema estava nos lábios impuros. Então o Anjo pega uma Brasa tirada do altar e com ela toca os lábios dele dizendo “sua iniquidade foi retirada” fazendo com que Isaías sentisse que a partir desse instante estava pronto para ir pelo Senhor. Eu tenho uma frase baseada nesse trecho de Isaías: “precisamos dizer ‘ai de mim’ antes de dizer ‘eis-me aqui’ ".

            É interessante notar que ao chegar à praia já havia brasa e em cima dela peixe e pão; Pedro, os discípulos e também nós precisamos entender que a questão não é o que podemos oferecer a Deus, mesmo que o que temos a oferecer seja fruto de sua bênção em nós. A questão é que o Senhor requer de nós comunhão e serviço dependente, ele disse “Tragam dos peixes que vocês pescaram”. Aqueles peixes eram resultado da Pesca obediente a voz dele, mesmo assim o Senhor não precisava deles, havia peixe na brasa e pão. Tudo já está preparado, devemos apenas confiar. Pedro lembrou de sua resposta na primeira pesca maravilhosa: “Senhor, pescamos a noite toda e nada apanhamos, sobre tua palavra lançarei a rede” (Lucas 5:5).

            E AGORA PEDRO? O tempo parecia não se mover naquela manhã, ainda madrugada, quando o Senhor começa o discipulado mais importante na vida de Pedro, Jesus o trata pelo nome original, Simão, que significa “aquele que ouve", e como Pedro precisava ouvir, ouvir com o coração. Três vezes Jesus fez a mesma pergunta "Simão, filho de Jonas, amas-me? ”. A ênfase foi na primeira pergunta "amas-me mais do que estes?". As 3 respostas de Pedro foram praticamente iguais "Sim, Senhor, o Senhor sabe que eu o amo” (vs. 15 a 17), mas o Versículo 17 Pedro se mostrou triste pela insistência do Senhor e acrescentou à resposta "O SENHOR SABE TODAS AS COISAS” (veja a similaridade com Salmo 139:1-12). Em todo o processo o Senhor reafirma o ministério que Pedro tinha recebido dizendo "ENTÃO, apascenta as minhas ovelhas". Normalmente a palavra “ENTÃO” é um advérbio mas neste texto tem uma função de conjunção argumentativa, é como se Jesus estivesse argumentando com Pedro: “não tem como voltar a ser pescador Pedro. Você está considerando desistir porque não se vê em condições de cumprir seu Chamado por ter me negado. Pois para cada negativa daquele dia, hoje você fez uma afirmativa e eu te confirmei a missão em todas elas. No meu amor fiel". Oh glória a Deus. Jesus tratou com cada uma das negativas de Pedro.

            HORA DO BALANÇO: E nós? Quantas vezes nos sentimos hipócritas e incapazes de viver a vida cristã? Como o título daquele livro de Brennan Manning "O IMPOSTOR QUE VIVE EM MIM", identificamos em nós a incoerência entre o que confessamos e os dilemas que vivemos. O que fazer? Lutero disse: “olhando para mim não vi nenhuma esperança de ser salvo. Olhando para Cristo não vi nenhuma chance de me perder. “

            Em seu livro "QUANDO DEUS PENSOU EM VOCÊ” Lloyd John Ogilvie relata:

“Fora uma semana difícil. Uma semana daquelas em que indagamos: "Quem sou, que estou fazendo aqui? Vale a pena tudo isso? ” Todos nós as temos. Tudo se acumula. Nada sai como planejamos. As pessoas nos decepcionam. Nossos alvos parecem estranhamente distantes e ilusórios. O trabalho perde o brilho e o gosto. Um desânimo lento nos envolve. No final de uma semana como essa, um amigo disse-me uma coisa que me libertou: "Lloyd, desejo que sua vida seja tão linda como o foi na mente de Deus quando ele pensou em você pela primeira vez. “Algumas horas mais tarde, estando eu a sós... disse: "Senhor, como era eu quando, pela primeira vez, pensaste em mim? Que querias que fosse minha vida, toda minha existência humana? ” Silêncio. Nenhuma resposta. Mas o próprio silêncio era uma resposta. Como uma conversa com um verdadeiro amigo que lhe dá a liberdade de falar até que você saiba o que quer dizer... Tentei imaginar a vida como Deus a pretendia - antes que a estragássemos e a distorcêssemos com o egoísmo e o orgulho. Voltar às coisas básicas foi um momento sublime. Um novo despertar para a realidade. "Cristo! Cristo, Lloyd, Cristo! Foi este o primeiro pensamento que tive de você. E foi exatamente por isto que vim nele. Não apenas para que você saiba como Sou, mas para que você conhecesse o quadro que faço do que você deveria ser!"... O foco era o próprio Cristo... Propósito e poder em uma Pessoa – Jesus. Fui levado de volta para a companhia do Senhor... Meu problema não eram o horário, as pressões da vida nem as pessoas ao meu redor. Eu era o problema! Eu havia saído da centralidade de Cristo. Por alguns dias eu dera guarida ao pensamento arrogante e improdutivo de que se as circunstâncias ou as pessoas mudassem segundo minha vontade e estratégia, a vida seria linda. Não era a frustração. Era eu! ... Mas agora... eu sei o que fazer. O próprio Cristo é a diferença. E não tenho de esperar dias, ou até mesmo horas, a fim de voltar para ele. A prática do quadro. Recuperar o que eu era quando o Senhor, pela primeira vez, pensou em mim, neste instante! Perdão. Aceitação. Amor imutável. Um novo começo!!! (Livro QUANDO DEUS PENSOU EM VOCÊ, Lloyd John Ogilvie, Editora Vida)

            Permita-se confrontado. Não se isole, para tornar presa de nosso inimigo, o diabo. Creia que Jesus, que é aquele que começou a boa obra em nós, vai completá-la (Filipenses 1:6). Apenas permaneça no processo e brevemente a noite escura da Alma dará lugar aos raios de Sol da justiça, Jesus, que trará a luz e calor para sua vida renovando-lhe a esperança e o vigor – Malaquias 4:2 e Provérbios 4:18-19.

            No amor de Cristo,

            Pastor Gerson L G Lima

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