Um Chamado de Confronto e Arrependimento aos Aitoféis da Vida.
A Bíblia não esconde a existência de pessoas que se levantam contra a obra de Deus — não de fora, mas de dentro. Pessoas que já caminharam perto, que ouviram, que participaram, que aconselharam… mas que, por orgulho, inveja, ambição ou dureza de coração, se tornaram instrumentos de oposição.
Aitofel foi o protótipo disso. Brilhante, influente, ouvido por reis — mas seu coração azedou, e sua amargura o conduziu a trair aquele a quem servira. Sua história termina em ruína, não porque Deus não pudesse restaurá-lo, mas porque seu coração preferiu o ressentimento à humildade.
Mas Aitofel não foi o único. Paulo, em suas cartas, expõe nomes não para humilhar, mas para alertar: Himeneu e Fileto, que perverteram a fé de muitos (2Tm 2.17. Alexandre, o latoeiro, que lhe causou muitos males (2Tm 4.14). "Falsos irmãos”, que o feriram mais profundamente do que perseguições externas (2Co 11.26).
Teve os que abandonaram a fé por amor ao mundo, como Demas (2Tm 4.10). João fala de Diótrefes, que amava ter a primazia e rejeitava até os apóstolos (3Jo 9–10). Judas denuncia homens que se infiltraram entre os fiéis para corromper, dividir e derrubar (Jd 4). O próprio Senhor Jesus advertiu: “Acautelai-vos dos falsos profetas…” (Mt 7.15)
E Paulo avisa aos presbíteros de Éfeso: “Dentre vós mesmos se levantarão homens falando coisas perversas…” (At 20.30)
Sempre existiram pessoas cujo coração se desviou. E sempre haverá. A Palavra nunca escondeu isso.
Mas aqui está a parte mais importante — a parte da esperança.
Em Atos 19, vemos Demétrio, um opositor ferrenho da obra em Éfeso, alguém que causou tumulto e perseguição contra Paulo. Contudo, em 3 João, há outro Demétrio — ou quem sabe o mesmo, transformado — e sobre ele João diz: “Todos dão testemunho dele, da verdade e do bem.” (3Jo 12)
Mesmo que não seja o mesmo homem, a mensagem é clara: o Evangelho tem poder de transformar até os mais duros opositores.
A graça é capaz de virar inimigos em irmãos, perseguidores em pregadores, como no caso do próprio Saulo.
Mas essa transformação não acontece em corações orgulhosos, fechados, intocáveis.
Ela começa quando a pessoa: admite seu pecado, reconhece sua soberba, rompe com a autoproteção, desmonta a máscara, e se torna vulnerável ao Espírito Santo.
Por isso este texto é um alerta — não de condenação, mas de misericórdia severa.
Aos “Aitoféis” modernos, aos que criam intrigas, alimentam invejas, tornam-se conselheiros de divisão, espalham semente de contenda, rivalidade e engano:
Enquanto há tempo, arrependam-se.
O mesmo Evangelho que transforma vítimas cura também vilões.
Mas o caminho começa por descer — por confessar, renunciar, quebrar o orgulho e se lançar à graça.
Ainda há chance. Ainda há misericórdia. Mas ninguém sabe por quanto tempo.
(Continua para a parte final)
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